«Se algum de vós tiver um amigo e for ter com ele a meio da noite e lhe disser: 'Amigo, empresta-me três pães, pois um amigo meu chegou agora de viagem e não tenho nada para lhe oferecer', e se ele lhe responder lá de dentro: 'Não me incomodes, a porta está fechada, eu e os meus filhos estamos deitados; não posso levantar-me para tos dar'. Eu vos digo: embora não se levante para lhos dar por ser seu amigo, ao menos, levantar-se-á, devido à impertinência dele, e dar-lhe-á tudo quanto precisar.»

À oração persistente, quase teimosa... Deus responde derramando-Se em abundância diante da quase loucura da nossa fé! E tudo é dom, tudo é graça...

«Digo-vos, pois: Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra, e ao que bate, abrir-se-á.Qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!»

O SENHOR apareceu a Abraão junto dos carvalhos de Mambré, quando ele estava sentado à porta da sua tenda, durante as horas quentes do dia. Abraão ergueu os olhos e viu três homens de pé em frente dele. Imediatamente correu da entrada da tenda ao seu encontro, prostrou-se por terra e disse: «Meu Senhor, se mereci o teu favor, peço-te que não passes adiante, sem parar em casa do teu servo. Permite que se traga um pouco de água para vos lavar os pés; e descansai debaixo desta árvore. Vou buscar um bocado de pão e, quando as vossas forças estiverem restauradas, prosseguireis o vosso caminho, pois não deve ser em vão que passastes junto do vosso servo.» Eles responderam: «Faz como disseste.»...
«Onde está Sara, tua mulher?» Ele respondeu: «Está aqui na tenda.» Um deles disse: «Passarei novamente pela tua casa dentro de um ano, nesta mesma época; e Sara, tua mulher, terá já um filho.»

Um hino à hospitalidade... se na parábola do Samaritano Cristo nos exortava à compaixão pelos que estão caídos nas valetas da vida, parece-me que este texto vai mais longe.
Fala de sair do nosso lugar para ir ao encontro de todos(as) e dar a cada um(a) aquilo de que precisa e que podemos dar... Se é verdade que a melhor parte está na escuta da Palavra de Deus é esta mesma Palavra que nos impele a ser as mãos e os pés do amor criador da paz!
E o Senhor não fica indiferente aos nossos gestos. A seu tempo Ele mostra que, de facto, jamais esquece a aliança que fez com cada vida humana!
«E quem é o meu próximo?»

Tomando a palavra, Jesus respondeu: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: 'Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.'
Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?»
Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.»
Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.»
"Levantou-se, então, um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?»"

Há uma certa malícia na pergunta, ao menos Lucas parece querer fazê-lo notar... mas a questão não deixa de ser inquietante.

Cá dentro, bem no íntimo de nós não está vivo este desejo duma plenitude, dum sempre mais... duma vida eterna!? E em tantas escolhas e atitudes vamos procurando dentro e fora de nós a forma de lá chegar... mesmo quando dizemos não acreditar.
Deus, que é mais que todos os nossos limites e pensamentos, escuta a nossa inquietação e vai construindo a resposta, devagar e de longe. Ao chegar a hora oportuna vemos claramente e entendemos tantos comos e porquês...
"A ira divina não é o mal-humor por ver a Sua majestade desrespeitada, mas a opção soberana de consolar os atribulados e isto põe em causa aquelas forças que, orgulhosamente, pretendem decidir, quais pequenos deuses, no lugar do Deus vivo e verdadeiro... em certos momentos, a mesma misericórdia pode exigir denúncia de quem não condena o pecador mas reconhece os múltiplos pecados. Hoje, como discípulos de Cristo, somos chamados à coragem - que pode suscitar incompreensão – de apontar o erro dos prepotentes, de colocar o dedo em muitas feridas da humanidade – desde o lucro fácil à corrupção, da violência ao terrorismo, da exploração ao aproveitamento dos inocentes, dos crimes contra a maternidade às condições de vida degradantes, etc. "

Estas palavras foram proferidas pelo Presidente da CEP na última peregrinação aniversária em Fátima! Ora viva a hipocrisia do episcopado português...
Porque assim diz o SENHOR: «Vou fazer com que a paz corra para Jerusalém como um rio, e a riqueza das nações, como uma torrente transbordante. Os seus filhinhos serão levados ao colo, e acariciados sobre os seus regaços. Como a mãe consola o seu filho, assim Eu vos consolarei; em Jerusalém sereis consolados. Ao verdes isto, os vossos corações pulsarão de alegria, e os vossos ossos retomarão vigor como a erva fresca. A mão do SENHOR há-de manifestar-se aos seus servos, e a sua ira aos seus inimigos.»

Amén, Aleluia!
Que mais podemos acrescentar à Palavra do Senhor que assim nos envia a anunciar a esperança e a consolação?
"Ide... o Reino de Deus já está próximo!"
O importante é mesmo a novidade que o Espírito imprime nos nossos corações, a frescura que fica e deixa um rasto indelével que nada pode apagar.
"Enquanto iam a caminho, disse-lhe alguém: «Hei-de seguir-te para onde quer que fores.» Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.»

E disse a outro: «Segue-me.» Mas ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai.» Jesus disse-lhe: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos. Quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus.»
Disse-lhe ainda outro: «Eu vou seguir-te, Senhor, mas primeiro permite que me despeça da minha família.» Jesus respondeu-lhe: «Quem olha para trás, depois de deitar a mão ao arado, não é apto para o Reino de Deus.»

Algumas pessoas vão ter com o Senhor e oferecem-se para o serviço do reino, há aqueles a quem Jesus chama pelo nome, há os que são alertados para a dificuldade, há aqueles que são convidados a não olhar tanto para o que deixam atrás. Eliseu, por exemplo, uma vez chamado por Elias pede um tempo para se despedir dos seus... e, sem mais, o profeta concede-lhe esse tempo e espera-o, como que contradizendo as palavras de Jesus neste texto.

Será a perene sabedoria proclamada por Qohélet: "Para tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu"... o importante mesmo é acertar com esses momentos!

E, como explica Paulo ao falar da diversidade de vocações, em tudo e sempre é o mesmo Senhor que é Espírito que chama. Como percebê-lo então na diversidade dos apelos?... Ele não escraviza, mas liberta pois "Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes, e não vos sujeiteis outra vez ao jugo da escravidão" (Gl 5,1)!