"É assim que também o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que havemos de pedir, para rezarmos como deve ser; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis.
E aquele que examina os corações conhece as intenções do Espírito, porque é de acordo com Deus que o Espírito intercede pelos santos."

Como a água das fontes o Espírito Santo continuamente se derrama nos nossos corações.
Por vezes forte, outras mais brando… mas é incessante na sua acção.
Vai moldando e construindo o que nem sequer ousávamos sonhar!

Invocámo-lo! Ele veio… agora deixemo-lo agir e transformar… Levantar mais alto, tornar mais forte, chegar mais longe!
(recordação das JMJ de Köln - Loreley 14.08.05)

"Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas"
(Act 1,8)

É sempre difícil falar do Espírito Santo.
Na mensagem que nos dirige, Bento XVI indica-O como o sopro vital da vida cristã, o protagonista da história da salvação.
Sabemos que esta história não é impessoal e desconhecida, mas vivida na tranquilidade e na agitação de dias iguais e diferentes: é a minha e é a tua história, é a história de Leiria e a de Sydney, é a de Portugal e a da Austrália… e não conta apenas a história d' Aqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando como canta o poeta, mas a vida e a história de cada um de nós e de todos nós!
Aliás, o dom que o Pai nos concedeu em Jesus - o mesmo espírito que é amor e O anima - torna as nossas existências simples em valerosa obra de redenção humana.
Assim como a chuva e a neve descem do céu, e não voltam mais para lá, senão depois de empapar a terra, de a fecundar e fazer germinar, para que dê semente ao semeador e pão para comer, o mesmo sucede à palavra que sai da minha boca: não voltará para mim vazia, sem ter realizado a minha vontade e sem cumprir a sua missão.
(Is 55, 10-11)
Que Palavra é esta? Suave e forte, fecundante e destruidora?!
Palavra que sobe do deserto, que desponta como a aurora: bela como a Lua, fulgurante como o Sol e terrível como as coisas grandiosas!
Palavra que dá a morte e dá a vida, que faz descer ao túmulo e de novo nos levanta.

Todos que a conhecemos, todos que a sentimos entrar e revolucionar as nossas vidas confirmamos o dizer de Paulo: a Palavra é viva e eficaz, mais penetrante que a espada de dois gumes!

Como semente ela entra, repousa em segredo, faz-se esperar e ensina a espera.
É o tempo de saber para onde se vai para que a descontracção de caminhantes não deixe que alguém no-la roube.
É o tempo de perceber o interior de nós mesmos e desfazer as pedras que impedem a semente de lançar raízes suficientemente profundas.
É o tempo de definir prioridades para que mais tarde os espinhos não abafem o desabrochar.

No tempo certo ela brotará cheia de vida e de verdade, cheia da alegria perene que nada poderá abalar!
"Exulta de alegria, filha de Sião!
Solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém!
Eis que o teu rei vem a ti;
Ele é justo e vitorioso;
vem, humilde, montado num jumento,
sobre um jumentinho, filho de uma jumenta.
Ele exterminará os carros de guerra da terra de Efraim
e os cavalos de Jerusalém;
o arco de guerra será quebrado.
Proclamará a paz para as nações.
O seu império irá de um mar ao outro
e do rio às extremidades da terra."

Uma vez mais a Palavra de Deus nos impele à alegria, à esperança numa felicidade que virá ao nosso encontro como dom.

Passo a vida a querer escutá-la, a querer ler a vida e tomar decisões apoiada nesta luz. É quase loucura, estupidez para muitos. Eu mesmo duvido, por vezes, se faço bem assim... mas parece-me não vir de mim esta energia que me faz crer, que me faz esperar na Palavra a luz dos meus caminhos. Nem sei se agradeça o dom da fé... é também por ele que padeço!

Bendito seja o Senhor que pode trazer a paz!