Viva la Vita!

É a Páscoa do Senhor, é dia de Vida e Alegria!
Alegremo-nos e exultemos na esperança.
Foto da semana

Batem forte, fortemente,

Como quem chama por mim.

Num ímpeto claro, pungente

As vagas, de repente

Salpicam-me assim…

Fiquei a ver. Senti a maresia

Na brisa ligeira do céu.

Branca e leve, branca e fria!

Há quanto tempo não a sabia,

E que lembranças, Deus meu…


… de serenas esperanças,

… de desejos e sonhos despertos!

E ainda das grandes mudanças,

Que marcam as minhas andanças

Por caminhos duros e incertos.


Em dia de Sexta-feira Santa partilho convosco estas palavras, inspiradas no conhecido poema de Augusto Gil, e a foto tirada no Porto junto ao forte de S. João.

"Crucifixão", por Dad

Nenhuma religião tem no seu centro um martirizado. A não ser o cristianismo. Duplo sangue. O físico, derramado na crucifixão. E o, como dizer, simbólico, que jorra da refeição da Eucaristia.
E nenhuma religião é tão questionada como o cristianismo perante o sofrimento, o mal, o absurdo. 1) Onde está Deus? 2) Como pode Deus ser bom se há tanto mal? 3) Como pode ser permitir?
A partir da cruz, as respostas são: 1) Deus não é alheio ao sofrimento; também está na cruz. Sabe como é por dentro. 2) É uma boa pergunta, para a qual Jesus também não teve resposta: “Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste”. 3) Talvez Deus não tenha como proibir. Omnimpotência de Deus.
Dos Ramos à Páscoa, toda a teologia do poder de Deus rui. E só se volta a erguer porque teimamos em querer Deus à nossa imagem e semelhança.
Foto da Semana
Entrelaçados

A Primavera anda por aí! Viva a cor…
Palavra de Deus

"Ao vê-la a chorar e os judeus que a acompanhavam a chorar também, Jesus suspirou profundamente e comoveu-se."

Jesus chorou!
Mostra aqui a sua humanidade e a preocupação com o sofrimento do próximo.
Ele mesmo faz-se próximo destes amigos, desta família, destes judeus.

Ainda assim, ficou contente por ter chegado tarde… "para assim poderdes crer."

Cremos, porque Ele o levantou do sepulcro.
Cremos, porque Ele se preocupou com Marta e Maria e cuidou de evitar a sua solidão.
Cremos, porque Ele faz o mesmo connosco.



Jesus cura um cego de nascença (Jo 9). Há tempos Anselmo Borges escrevia que todos, isto é, o ser humano, somos prematuros, segundo a teoria da neotenia. A teoria diz, “no essencial, que o Homem é um prematuro - para fazer o que faz, precisaria de permanecer no ventre materno mais um ano, mas isso não é possível; assim, nasce no termo de 9 meses, em vez de passados 20 -, tendo, portanto, de receber por cultura aquilo que a natureza lhe não deu” (aqui).
Penso que somos também, todos, cegos de nascença. Viver é aprender a ver. No evangelho deste domingo, diz-se que Jesus deu a vista ao cego – a um sábado. Com tantos dias da semana, tinha de trabalhar ao sábado, este provocador. Noutras passagens, diz-se que Jesus é a luz do mundo. A vista, ainda que dada ou por isso mesmo, pertence-nos. Ele nunca disse: “Eu sou a visão do mundo”. A visão é nossa. Mas não vemos sem a luz. Já com uma visão novinha, o ex-cego afirma: “Eu creio Senhor”. E não: “Eu vejo, Senhor”. Os efeitos colaterais da nova visão estão para além do ver. Temos de aprender a ver com outros órgãos que não os olhos. E os olhos servem para muito mais do que ver. Para crer, por exemplo.
Palavra de Deus
"Eu creio Senhor"

E quem é, Senhor, para eu crer nele?
Perguntou ainda o cego de nascença, lembrando-nos que para crer é preciso conhecer. Só conhece quem se aproxima, só se aproxima quem procura, só procura quem se desinstala, só se desinstala quem se reconhece incompleto (ou cego)!… Daí o dilema com os que são verdadeiramente cegos neste relato.

Já o viste. É aquele que está a falar contigo.
É o mesmo Jesus que nos fala e nos enche de esperança sempre que ouvimos a sua Palavra.
N'Ele podemos crer como garantia de que nos leva a prados verdejantes.